Uma delação premiada homologada pela Justiça revelou que contratos firmados entre a Prefeitura de Araucária e o Grupo Hygea, entre 2013 e 2015, teriam sido marcados pelo pagamento sistemático de propina. Segundo o empresário Gustavo Volpato Mello, ex-sócio da Hygea, o vereador de Curitiba Pier Petruzziello (PP) atuava como intermediador e recebia parte dos valores desviados em dinheiro vivo.

De acordo com o delator, o grupo firmou contratos com os municípios de Araucária, Colombo e São José dos Pinhais, movimentando mais de R$ 60 milhões. Só em Araucária, os contratos ultrapassaram R$ 25 milhões, e os repasses de propina teriam começado ainda durante a vigência do primeiro contrato emergencial.

Volpato relatou que os pagamentos mensais eram autorizados por Thiago Gayer Madureira, proprietário do Grupo Hygea. Os valores eram sacados em espécie e registrados internamente com as siglas dos respectivos municípios, sob a rubrica de “participação nos lucros”. Segundo ele, a parte referente a Araucária era entregue diretamente a Petruzziello ou a um assessor do vereador.

“Desde o início, desde o primeiro contrato emergencial, houve esse favorecimento. Ele recebia uma quantia mensal, um pouco maior que os outros contratos. O saque vinha com a anotação ‘Araucária’, e ou ele vinha buscar ou o assessor levava”, afirmou Gustavo.

Além do vereador, o delator afirma que servidores e intermediários ligados às rotinas de licitação e fiscalização dos contratos também teriam sido beneficiados com repasses mensais, embora ele diga não conhecer os nomes. O inquérito que apura as denúncias corre sob sigilo e está sob análise do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), que deverá decidir se o caso seguirá na primeira instância ou sob responsabilidade de um desembargador, em razão do possível foro privilegiado de envolvidos.

A REPERCUSSÃO EM ARAUCÁRIA

Procurada, a Prefeitura de Araucária informou que o Grupo Hygea não presta serviços ao município desde 2018 e que desconhece investigações em andamento. A gestão atual ainda não comentou se irá apurar internamente a conduta de servidores que participaram da gestão dos contratos firmados com a Hygea na administração anterior.

O QUE DIZEM OS ENVOLVIDOS

O vereador Pier Petruzziello, que atualmente cumpre seu quarto mandato, negou todas as acusações e afirmou estar indignado com o vazamento de uma “delação mentirosa e requentada”. Disse ainda que jamais respondeu a qualquer processo e que a delação não teria sido aceita pelo Ministério Público por falta de provas.

A defesa de Gustavo Volpato reafirmou o compromisso do empresário com a Justiça e destacou que ele está à disposição das autoridades estaduais e federais.

O Grupo Hygea, por sua vez, declarou que não irá se manifestar publicamente devido ao sigilo judicial imposto ao processo.

O CASO GANHA PROJEÇÃO ESTADUAL

A delação de Volpato também atingiu a capital e levou à reabertura de investigações envolvendo a gestão da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), cujo contrato de mais de R$ 1,5 milhão mensais teria sido influenciado politicamente por Petruzziello.

O caso, agora sob atenção do Ministério Público, da Polícia Federal e do Tribunal de Justiça do Paraná, reacende o debate sobre a fragilidade nos mecanismos de controle de contratos milionários com organizações sociais e empresas privadas no setor da saúde pública.

Fonte: G1 Paraná, reportagem de Marcelo Rocha publicada em 04/06/2025

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