Quase três milhões de pessoas com deficiência (PCDs) no Brasil não sabem ler ou escrever, o que representa uma taxa de analfabetismo de 19,5% entre essa parcela da população com 15 anos ou mais. Os dados fazem parte dos resultados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e escancaram a exclusão educacional enfrentada por milhões de brasileiros com deficiência.
A pesquisa evidencia que as taxas de analfabetismo entre PCDs continuam “elevadas e significativas” e são constantemente superiores às observadas na população sem deficiência. Entre as pessoas sem deficiência da mesma faixa etária, a taxa de analfabetismo é de 4,1%, menos de um quarto do índice registrado entre os PCDs.
Além disso, o levantamento revela que mais da metade das pessoas com deficiência não possui instrução formal ou não completou o ensino fundamental. Apenas 25,6% conseguiram concluir o ensino médio, e somente 7% alcançaram o ensino superior.
NORDESTE LIDERA ENTRE OS ESTADOS COM MAIOR ANAFALBETISMO
A desigualdade regional é outro ponto crítico evidenciado pelo Censo. Quase metade dos PCDs brasileiros vive na região Nordeste, onde as taxas de analfabetismo atingem níveis alarmantes. No Piauí, por exemplo, o índice chega a 38,8%, seguido de Alagoas com 36,8%. Em contraste, as menores taxas foram observadas em Santa Catarina (12,7%), Distrito Federal (11,8%) e Rio de Janeiro (12,1%).
ANAFALBETISMO ENTRE OS IDOSOS É O MAIS ALTO
A correlação entre idade e analfabetismo também se confirma no recorte sobre PCDs. Entre os idosos com deficiência (60 anos ou mais), 27,9% são analfabetos, o que equivale a 1,8 milhão de pessoas. A taxa diminui conforme a faixa etária: 23,4% entre aqueles com 40 anos ou mais, e 21,3% entre os com 15 anos ou mais.
ACESSO À EDUCAÇÃO REFLETE NA EXCLUSÃO DO MERCADO DE TRABALHO
As barreiras enfrentadas por pessoas com deficiência na educação se refletem diretamente no mercado de trabalho. De acordo com o IBGE, apenas 29,2% das PCDs estão na força de trabalho, contra 66,4% da população sem deficiência. A renda média também é menor entre os PCDs, reforçando o ciclo de exclusão.
NECESSIDADE URGENTE DE POLÍTICAS INCLUSIVAS
Os números do Censo reforçam a necessidade urgente de políticas públicas eficazes que promovam inclusão, acessibilidade e permanência na escola para pessoas com deficiência. A educação é a base para o exercício pleno da cidadania e para a conquista de direitos básicos como trabalho, renda e participação social.
Sem enfrentamento das desigualdades educacionais, milhões de brasileiros com deficiência continuarão privados de oportunidades e do acesso à dignidade.