Começou a tramitar na Prefeitura de Araucária a proposta de implantação do Cartão Vale-Alimentação “Araucária Sempre Presente” para os servidores públicos municipais. A iniciativa, que poderá substituir o pagamento atual em pecúnia (dinheiro), tem gerado preocupação entre os funcionários.
A solicitação partiu do secretário municipal de Finanças, Vinicius Henrique Lucyszyn, que encaminhou o pedido de análise de viabilidade à Secretaria Municipal de Gestão de Obras (SMGO). No entanto, esse órgão sequer existe na estrutura da Prefeitura. O correto seria encaminhar à Secretaria Municipal de Governo, chefiada por Edison Roberto da Silva, que também usa a sigla SMGO. Esse erro logo na largada evidencia o despreparo e a falta de cuidado com um tema tão sensível.
A proposta prevê o valor mensal de R$ 1.300,00, conforme sugestão de reajuste, a ser utilizado exclusivamente no comércio local. A justificativa, é de que a medida visa modernizar a política de benefícios no município, fortalecer a economia da cidade e se antecipar aos efeitos da reforma tributária.
Contudo, muitos servidores já incorporaram esse valor ao seu orçamento familiar. A mudança para um cartão restrito ao comércio local poderá representar uma perda real no poder de compra e na autonomia financeira desses trabalhadores.
Há também preocupações quanto ao credenciamento dos estabelecimentos. No antigo programa “Cartão Vale-Mais”, os servidores enfrentaram sérias dificuldades: número reduzido de comércios participantes, aumento de preços nas datas de liberação do benefício e pouca variedade de produtos. Muitos eram obrigados a comprar o que havia disponível, ou se deslocavam até Curitiba para conseguir preços mais justos e melhores opções.
Outro episódio lembrado por muitos servidores foi a prática de alguns comércios na Avenida Dr. Victor do Amaral que cobravam de 10% a 15% para trocar o saldo do cartão por dinheiro ou realizar um PIX, prática totalmente irregular e reflexo da falta de fiscalização. Em vez de fomentar a economia local, o sistema acabou alimentando um mercado paralelo de exploração dos próprios servidores.
E você, servidor, foi ouvido sobre essa proposta? Uma mudança tão significativa não pode ser imposta de cima para baixo, sem diálogo, transparência e participação dos principais interessados.
