O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, propôs nesta semana que a energia excedente gerada pela Usina Hidrelétrica de Itaipu seja utilizada para impulsionar o desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial (IA). A declaração ocorreu durante audiência no Senado norte-americano, realizada em 20 de maio.
Rubio destacou que a crescente demanda global por energia, impulsionada pelo avanço da IA, representa uma oportunidade estratégica para países que dispõem de energia limpa e abundante, como o Paraguai. Ele observou que, com o vencimento do contrato de venda da energia entre Brasil e Paraguai em 2023, há margem para novos acordos comerciais envolvendo o uso dessa energia no setor tecnológico.
“A energia limpa gerada por Itaipu, especialmente a parcela paraguaia, poderia posicionar o país como um polo global de desenvolvimento de inteligência artificial”, afirmou Rubio aos senadores. O secretário sugeriu que centros de dados e processamento de IA, que consomem grandes quantidades de energia, poderiam ser instalados no Paraguai com apoio de investimentos internacionais.
Em 2024, Brasil e Paraguai firmaram novo acordo que autoriza o país vizinho a comercializar sua cota diretamente no mercado livre brasileiro a partir de 2027. No entanto, as tratativas sobre o Anexo C do Tratado de Itaipu, que trata das bases financeiras e operacionais da usina binacional, foram interrompidas em abril deste ano, após denúncias de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teria espionado autoridades paraguaias.
A proposta de Rubio, ainda que vista como uma sinalização estratégica dos Estados Unidos, esbarra em entraves diplomáticos e jurídicos entre Brasil e Paraguai. Analistas avaliam que a retomada das negociações bilaterais será essencial para viabilizar qualquer nova destinação à energia de Itaipu, seja no campo tecnológico ou em outras frentes de desenvolvimento regional.
