O Governo do Paraná anunciou uma medida drástica para conter o avanço da gripe aviária no estado: a destruição de 10 milhões de ovos férteis. A operação, que inclui unidades enviadas do Rio Grande do Sul, deve ser concluída até a próxima terça-feira, 20 de maio, segundo autoridades sanitárias.
A iniciativa ocorre mesmo sem registros da doença em granjas comerciais do estado. Desde 2023, no entanto, o Paraná identificou 13 focos do vírus H5N1 em aves silvestres, principalmente em regiões litorâneas e rotas de aves migratórias. Diante do risco de contaminação, a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) decidiu agir preventivamente para preservar o status sanitário da avicultura paranaense.
A destruição dos ovos integra um pacote de ações emergenciais iniciado com a prorrogação do decreto de emergência zoossanitária por mais 180 dias, publicado em janeiro de 2025. A medida autoriza o estado a adotar protocolos excepcionais de controle, monitoramento e descarte de produtos avícolas que representem ameaça à saúde animal.
Segundo a Adapar, a inutilização dos ovos é uma forma de impedir qualquer chance de propagação do vírus, que já provocou impactos severos em outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, mais de 166 milhões de aves foram sacrificadas desde 2022, o que gerou escassez de ovos, inflação no setor e prejuízos bilionários.
A preocupação no Paraná é proporcional à sua relevância no cenário nacional: o estado é líder na produção de carne de frango no Brasil, com 2,2 bilhões de aves abatidas em 2024 — o equivalente a 34,2% da produção nacional. Também lidera as exportações do setor, com 2,171 milhões de toneladas embarcadas no último ano, gerando receitas superiores a US$ 4 bilhões.
As ações preventivas visam assegurar a continuidade das exportações e evitar um cenário de crise sanitária que comprometa empregos, renda e segurança alimentar. A destruição dos ovos, embora impactante, é vista pelo governo como um “mal necessário” diante da gravidade do risco envolvido.
Com a vigilância reforçada e medidas já em curso, o Paraná espera manter a confiança internacional em seus produtos avícolas e preservar o protagonismo do estado na avicultura brasileira.