Araucária presenciou mais um capítulo da luta dos servidores públicos por valorização e respeito. Nesta quarta-feira, 21 de maio, trabalhadores de diversos setores do funcionalismo municipal cruzaram os braços em uma paralisação geral, cobrando reposição salarial, melhores condições de trabalho e respeito à categoria. A mobilização foi organizada pelos sindicatos SISMMAR e SIFAR, que há semanas vêm denunciando o sucateamento dos serviços públicos na cidade.

Em meio a palavras de ordem como “Fora Tatiana”, em referência à atual vice-prefeita e secretária de Educação, e “Prefeito, funcionário na rua, a culpa é sua”, os servidores realizaram manifestações pelas ruas da cidade e pressionaram a administração municipal à mesa de negociação. Como resultado da paralisação, a gestão aceitou conceder uma recomposição parcial das perdas inflacionárias.

O acordo prevê um reajuste de 6% nos salários a partir de junho e um adicional de 1,5% a partir de setembro, totalizando 7,5% de recomposição. Além disso, o auxílio-alimentação, que hoje é de R$ 1.100,00, passará a ser de R$ 1.300,00, um aumento de R$ 200,00, o que representa um reajuste de 18,18%. A proposta foi formalizada por meio do Ofício Externo nº 2860/2025, assinado pelo secretário de Governo, Edison Roberto da Silva.

Apesar do avanço, o sentimento entre os servidores é de frustração diante da defasagem histórica. De acordo com o SISMMAR, os trabalhadores estão há 12 anos sem ganho real em seus vencimentos e, entre 2020 e 2025, a defasagem inflacionária acumulada chega a 12,82%. Se somada à perda de 3% com o aumento da alíquota previdenciária em 2021, a dívida da Prefeitura com os servidores chega a 16,20%.

Após o encerramento da paralisação, a Prefeitura divulgou um vídeo institucional produzido com recursos de inteligência artificial, exaltando o papel do servidor público e dizendo que ele “deve ser valorizado e respeitado”. No entanto, a iniciativa não teve a repercussão esperada. A publicação foi duramente criticada nas redes sociais, com internautas acusando a gestão de oportunismo, encenação e propaganda enganosa.

“Deveria ser o mínimo, e ainda querem fazer marketing com isso”, comentou uma educadora. Outros denunciavam problemas graves na rede municipal, como a falta de professores, de materiais básicos e até de óleo vegetal para a merenda escolar. “A Prefeitura não tem vergonha. Quando é para cortar direito de trabalhador, eles fazem sem dó. Agora que devolveram uma parte, querem aplausos?”, disse outro usuário.

A insatisfação é especialmente evidente entre os profissionais da educação, que relatam sobrecarga, desvalorização e um ambiente de assédio institucional. A atual secretária Tatiana Assuiti, também vice-prefeita, tem sido duramente criticada pelos educadores, que afirmam estar sendo “tratados com descaso e autoritarismo”.

O clima segue tenso, e os sindicatos alertam que a mobilização continuará até que todas as pautas da categoria sejam atendidas. A valorização do serviço público e de seus trabalhadores permanece como uma das principais demandas da população que depende diretamente da qualidade dos serviços prestados.

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