Uma investigação de grande repercussão nacional vem expondo uma complexa rede de lavagem de dinheiro envolvendo a casa de apostas Vai de Bet, o clube de futebol Corinthians e possíveis conexões com o Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores facções criminosas do Brasil. O caso é alvo da CPI das Bets, instaurada no Senado Federal, e já mobiliza autoridades da Polícia Civil, Ministério Público e Polícia Federal.

EMPRESAS DE FACHADA E “LARANJAS”

O escândalo começou a ganhar forma quando a Polícia Civil detectou que parte dos recursos pagos pelo Corinthians como parte do contrato de patrocínio com a Vai de Bet foi repassada a empresas de fachada. Uma delas, a Rede Social Media Design Ltda, recebeu R$ 700 mil do clube em março de 2023. O valor foi, em seguida, transferido para a empresa Neoway Soluções Integradas, registrada em nome de Edna Oliveira dos Santos, uma mulher que vive em situação de vulnerabilidade e depende do Bolsa Família. A polícia suspeita que Edna seja uma “laranja” usada para mascarar a verdadeira origem e destino do dinheiro.

PAGAMENTOS FORA DO CONTRATO

O contrato oficial previa que os pagamentos da Vai de Bet ao Corinthians fossem feitos pelas empresas Zelu Brasil Facilitadora e Pay Brokers. No entanto, levantamentos apontam que R$ 56 milhões, de um total de R$ 66 milhões pagos em apenas cinco meses, foram repassados por empresas intermediárias não autorizadas, como Otsafe e Pagfast EFX. O uso de intermediários sem autorização formal levanta suspeitas de irregularidades e acobertamento de crimes financeiros.

PAGAMENTO EM CRIPTOMOEDAS

Outro ponto que chamou a atenção das autoridades foi o suposto uso de Bitcoins nos repasses da Vai de Bet ao clube paulista. Essa forma de pagamento, embora legal, dificulta o rastreamento das transações e é frequentemente utilizada em esquemas de lavagem de dinheiro. A CPI das Bets já anunciou que investigará essa frente como uma das prioridades de sua atuação.

LIGAÇÕES COM O PCC

A Operação Integration, deflagrada em setembro de 2024 pela Polícia Federal, revelou que parte do dinheiro movimentado por casas de apostas estaria sendo usado para lavar recursos ilícitos do PCC. As empresas intermediárias citadas na investigação têm vínculos diretos com pessoas ligadas à facção, segundo fontes da própria Polícia Federal. A suspeita é de que o patrocínio ao Corinthians tenha sido apenas uma das engrenagens desse esquema milionário.

RESPOSTA DO CLUBE

Procurado pelas autoridades, o Corinthians alegou que os pagamentos feitos por empresas não previstas em contrato foram autorizados de forma verbal, e que não há documentação formalizando essa permissão. O presidente do clube, Augusto Melo, declarou que a proposta de patrocínio foi apresentada por Marcelo Mariano, então diretor administrativo, com intermediação de Alex Cassundé, com quem, segundo Melo, ele nunca teve contato direto.

CPI DAS BETS E DESDOBRAMENTOS

A CPI das Bets foi instaurada no fim de 2024 para investigar as casas de apostas virtuais e seu envolvimento com crimes financeiros e lavagem de dinheiro. O caso do Corinthians é um dos principais focos da comissão, que também pretende apurar o impacto dessas empresas sobre o orçamento das famílias brasileiras e sua possível relação com o crime organizado.

O escândalo envolvendo o Corinthians e a Vai de Bet, expõe não apenas fragilidades na governança de contratos esportivos, mas também as perigosas conexões entre o mundo do futebol, o setor de apostas e o crime organizado. As investigações continuam em andamento, e novos desdobramentos são aguardados nos próximos meses.

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